(Por Bruna Camargo) – O número total de investidores Pessoa Física na Bolsa brasileira bateu 3,8 milhões de contas (investidor na corretora) – sendo 3,2 milhões de CPFs – no primeiro semestre de 2021, um aumento de 43% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da B3.
Desde o início de 2020, o crescimento se mantém constante em aproximadamente 500 mil novos investidores por semestre.
O valor em custódia investido em Renda Variável alcançou R$ 545 bilhões, 55% a mais que o registrado no mesmo período de 2020. Já o volume de negócios diários em Renda Variável subiu 26%, totalizando R$ 14 bilhões.
Segundo a análise da B3, a média de investidores que fazem ao menos um negócio no mês chegou a 1,5 milhão no primeiro semestre de 2021.
Os investidores têm começado com valores cada vez mais baixos. Em junho de 2021, 42% dos entrantes investiram até R$ 200, sendo a mediana do primeiro investimento em R$ 352, ante R$ 985 em 2020.
“O mito de que é preciso muito dinheiro para começar a investir caiu”, afirmou Felipe Paiva, diretor de Relacionamento e Pessoa Física da B3, em coletiva de imprensa na tarde de quarta-feira (11).
Posições em ETFs e BDRs avançam
A análise da B3 indica crescimento da posição dos investidores nos principais produtos no 1º semestre de 2021 ante 2020. São 2,8 milhões de CPFs (+38%) e R$ 436 bilhões (+58%) em custódia em ações à vista e 1,4 milhão de CPFs (+56%) e R$ 90 bilhões (+37%) em custódia em Fundos Imobiliários.
A porcentagem é ainda maior em relação aos Fundos de Índice (ETFs) e recibos de ativos estrangeiros listados no Brasil (BDRs). São 439 mil CPFs (+104%) e R$ 90 bilhões (+49%) em custódia em ETFs e 259 mil CPFs (+2.982%) e R$ 4,7 bilhões (+829%) em custódia em BDRs.
“O crescimento de ETFs nos Estados Unidos e na Europa já aconteceu, mas foi gradual e durante décadas. No Brasil foi acelerado”, destaca Paiva. Ele conta que o interesse em produtos expostos às criptomoedas foi um dos impulsionadores.
“Já os números dos BDRs mostram que foi muito interessante trazer essa nova alternativa de investimento para a Pessoa Física”, diz Paiva, acrescentando que as grandes empresas americanas de tecnologia são as mais procuradas.
Segundo a análise da B3, os investidores têm diversificado mais seu portfólio. O comparativo mostra que, em 2016, 76% dos CPFs investiam somente em Ações; em junho de 2021, o número caiu para 50%. Ainda, o levantamento revela que há pouca diferença na diversificação entre investidores homens e mulheres. “Se há oferta, as pessoas diversificam”, afirma Paiva.
Homens são 71%, mas mulheres entram com mais dinheiro
Os investidores da B3 ainda são majoritariamente homens (71%), mas, historicamente, ainda são as mulheres que entram na Bolsa com valores maiores. Em junho de 2021, a mediana do primeiro investimento delas foi de R$ 481 enquanto o deles foi de R$ 303.
A maior parte dos investidores (50%) entra na Bolsa na faixa etária de 25 a 39 anos, faixa que também representa a maioria (48%) dos 3,2 milhões de CPFs. Em seguida há as pessoas de 40 a 59 anos (29%), maiores de 60 (11%), entre 19 e 24 anos (10%) e menores de 18 (1%).
A região Sudeste concentra a maior parte dos investidores (1,9 milhão), porém, as demais regiões têm apresentado maior aumento relativo na comparação entre 2018 e 2021. As regiões Norte e Nordeste cresceram 575% e 486%, com 94 mil e 369 mil investidores, respectivamente. “Vemos uma tendência de regionalização”, destaca Paiva.