Em meio aos desdobramentos econômicos da guerra na Ucrânia, a mediana apurada para IPCA, o índice de inflação oficial, de 2022 avançou pela oitava semana consecutiva no Relatório Focus, cada vez mais distante do teto da meta deste ano (5,0%), conforme divulgação realizada nesta segunda-feira pelo Banco Central.
Por outro lado, as medianas para 2023 e 2024 foram mantidas, ainda que se situem acima do alvo central estabelecido para esses anos.
A estimativa para 2022 teve elevação de 5,60% para 5,65%, de 5,44% há um mês. O objetivo a ser perseguido pelo Banco Central este ano é de 3,50%, com tolerância de 2,0% a 5,0%. Ou seja, o Boletim Focus segue indicando o segundo ano consecutivo de rompimento da meta, após o desvio de 4,81 pontos porcentuais do IPCA de 2021 (10,06%).
Já a expectativa para o IPCA em 2023 continuou em 3,51%, ainda que acima do centro da meta (3,25%, banda de 1,75% a 4,75%). A mediana era 3,50% há quatro semanas.
Considerando as 55 alterações nos últimos cinco dias úteis, a mediana para 2022 subiu de forma ainda mais forte, de 5,61% para 5,78%. Em contrapartida, para 2023, as 54 alterações feitas nos últimos cinco dias úteis levaram a um arrefecimento da estimativa mediana, de 3,57% para 3,50%.
A mediana para 2024 também foi mantida em de 3,10%, enquanto a projeção para 2025 continuou em 3,00%. Há quatro semanas, ambas as projeções eram de 3,00%.
A meta para 2024 é de 3,00%, com margem de 1,5 ponto porcentual (de 1,5% para 4,5%). Para 2025, por sua vez, a meta ainda não foi definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Estimativa para Selic no fim de 2022 segue em 12,25%
Apesar da deterioração do cenário inflacionário e do aumento das expectativas embutidas na curva de juros em meio à guerra na Ucrânia, os economistas do mercado financeiro mantiveram a projeção para a alta da taxa Selic este ano.
A estimativa mediana continuou em 12,25% pela terceira semana consecutiva, conforme o Relatório de Mercado Focus. Há um mês, era de 11,75%. Considerando apenas as 51 respostas nos últimos cinco dias úteis, a expectativa para a Selic no fim deste ano também foi mantida em 12,25%.
Já a estimativa do Focus para a taxa Selic no fim de 2023 subiu de 8,00% para 8,25%, frente a 8,00% há quatro semanas. Para 2024, avançou de 7,25% para 7,38%, ante 7,00% de um mês atrás. A previsão para o fim de 2025 continuou em 7,00%, repetindo a taxa de quatro semanas atrás.
No Comitê de Política Monetária (Copom) de fevereiro, antes da eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia, o Banco Central sinalizou redução no ritmo de alta de juros para as próximas reuniões.
“Em relação aos seus próximos passos, o Comitê antevê como mais adequada, neste momento, a redução do ritmo de ajuste da taxa básica de juros. Essa sinalização reflete o estágio do ciclo de aperto, cujos efeitos cumulativos se manifestarão ao longo do horizonte relevante”, disse, após elevar a Selic em 1,50 ponto porcentual este mês, de 9,25% para 10,75% ao ano.
O Copom se reúne novamente nos dias 15 e 16 deste mês.
Previsão para câmbio de 2022 cede de R$ 5,50 para R$ 5,40 no Focus do BC
O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 7, pelo Banco Central, trouxe alteração no cenário da moeda norte-americana em 2022 e 2023. A estimativa para o câmbio este ano cedeu de R$ 5,50 para R$ 5,40, ante R$ 5,60 de quatro semanas atrás.
Para 2023, passou de R$ 5,31 para R$ 5,30, ante R$ 5,50 de um mês antes.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
Expectativa de alta para PIB de 2022 passa de 0,30% para 0,42%
Após a surpresa positiva com o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2021 (0,5%), o Relatório de Mercado Focus divulgado na manhã desta segunda-feira, 7, pelo Banco Central trouxe aumento na previsão mediana para a expansão do PIB de 2022, que passou de 0,30% para 0,42%. Há um mês, a estimativa era de 0,30%.
Considerando apenas as 43 respostas nos últimos cinco dias úteis, a estimativa para o PIB no fim de 2022 continuou em 0,50%.
Para 2023, a mediana permaneceu em 1,50%, de 1,53% há quatro semanas. Para 2024, a estimativa seguiu em 2,00%, mesma projeção de quatro semanas atrás.
O Relatório Focus ainda trouxe a mediana para 2025, que também continuou em 2,00%. Há um mês, a estimativa de crescimento do PIB em 2025 já era de 2,00%.
Relação dívida/PIB
O Relatório de Mercado Focus mostrou também nesta segunda-feira que a projeção para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB para 2022 subiu de 60,50% para 60,65%, ante 61,75% de um mês atrás.
O relatório trouxe ainda alteração na relação entre o déficit primário e o PIB deste ano, de 0,80% para 0,75%. Há um mês, o porcentual estava em 1,00%. Já a relação entre déficit nominal e PIB em 2022 continuou em 8,00%, ante 8,50% de quatro semanas antes.
Em relação a 2023, a estimativa para a dívida líquida em relação ao PIB seguiu em 63,93%, de 65,22% há um mês. A mediana para o déficit primário continuou em 0,50% do PIB e para o rombo nominal permaneceu em 7,15%. Os porcentuais eram de 0,50% e 7,10% do PIB, respectivamente, há quatro semanas.
O resultado primário reflete o saldo entre receitas e despesas do governo, antes do pagamento dos juros da dívida pública. Já o resultado nominal reflete o saldo já após as despesas com juros.
Projeção para o IGP-M de 2022 sobe de 8,54% para 8,66% no Focus do BC
Com a nova disparada de preços de commodities provocada pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, o Relatório de Mercado Focus, divulgado na manhã desta segunda-feira, 7, pelo Banco Central, trouxe o quarto aumento consecutivo na mediana das projeções para o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de 2022, de 8,54% para 8,66%. Há um mês, era de 6,99%.
A estimativa para 2023 passou de 4,08% para 4,09%, de 4,03% há quatro semanas.
Calculados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), os Índices Gerais de Preços (IGPs) são bastante afetados pelo desempenho do câmbio e pelos produtos de atacado.