Na semana passada, entre os dias 18 e 24 de abril, ocorreu em Washington, nos Estados Unidos, a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI). Um encontro muito importante para o mundo todo, pois busca estimular a cooperação monetária global, proteger a estabilidade financeira e facilitar o comércio internacional.
Mas o que é o Fundo Monetário Internacional?
O Fundo Monetário Internacional, conhecido pela sigla FMI, é uma organização supranacional que tem poder de mando superior aos demais países e pode agir internacionalmente. Foi fundado em 1944 nos Estados Unidos quando foram estabelecidas as relações comerciais e financeiras entre os países com maior industrialização do mundo.
O que faz o Fundo Monetário Internacional?
A atuação do FMI se resume em três grandes pilares: empréstimos aos países, vigilância econômica e desenvolvimento.
É a ela que os países recorrem quando passam por grandes dificuldades econômicas ou precisam de recursos financeiros para adotar determinada política estrutural ou social.
Além da ajuda financeira, o FMI acompanha periodicamente as políticas econômicas dos países-membros e faz recomendações. Ele também pode auxiliar os governos e países ao redor do mundo a modernizar suas políticas econômicas e instituições e garantir treinamentos.
O que foi discutido nesta reunião?
As consequências econômicas da invasão da Ucrânia pela Rússia, a alta da inflação em todo o mundo e o impacto da Covid-19 na China deram o tom da reunião. Nas conferências, nenhuma das autoridades arriscou uma previsão sobre quando a guerra no Leste Europeu acabará, o que demanda dos governos poupar os recursos, com controle da dívida pública.
Ao mesmo tempo, a urgência no combate à alta expressiva dos preços foi um consenso entre as autoridades participantes do evento. Muitas delas estavam convictas de que o Federal Reserve – órgão governamental responsável pela economia norte-americana – teria demorado a subir os juros.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que uma alta de 0,50 ponto porcentual está “na mesa” para o próximo encontro do FOMC (Comitê de Política Monetária dos EUA), em maio.
Ele ressaltou que têm mérito as ações emergenciais para mitigar a alta do petróleo deflagrada pela guerra, como a liberação de reservas estratégicas do produto pelo presidente norte-americano, Joe Biden. Projeta-se que a economia dos Estados Unidos cresça 3,7% este ano e 2,3% em 2023, abaixo de 5,7% no ano passado.
O FMI espera que a economia mundial cresça 3,6% este ano, bem abaixo dos 6,1% do ano passado. Diminuindo 0,8% da projeção de janeiro. Além do crescimento mundial, a organização vê o avanço na China, em meio a bloqueios prolongados da pandemia, caindo para 4,4% este ano, de 8,1% no ano passado, bem abaixo da previsão do governo de cerca de 5,5%.
Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, não indicou uma elevação imediata dos juros. Ela vive um drama maior no comando do BCE, pois o continente está sendo diretamente atingido pela guerra na Ucrânia e corre o risco de enfrentar uma recessão, caso o conflito se prolongue.
Para Lagarde, não é razoável fixar uma data para a elevação dessas taxas porque se o BCE é dependente de dados, então é preciso esperar tais estatísticas trazerem informações que justifiquem o aperto da política monetária.
Inclusive, Volodymyr Zelesky, presidente da Ucrânia, participou da reunião por uma vídeochamada direto de Kiev, capital do país. Ele enfatiza que a invasão da Rússia destruiu os portos que tem saída para o Mar Negro, e isso causou um colapso nas exportações dos seus produtos agrícolas com grandes consequências na economia global.
O presidente afirma que a única maneira de acabar com esta crise de alimentos seria encerrar a guerra.
Como foi o Brasil na reunião?
Paulo Guedes, ministro da economia, foi o representante brasileiro na reunião. Guedes afirma que o Brasil “vem surpreendendo o mundo” de forma positiva e que ocupa posição estratégica no panorama global atual, com a intensificação das instabilidades econômicas mundiais devido à guerra na Ucrânia.
“No atual contexto global, o país se firma como player-chave em segurança alimentar e energética, além de ser um destino seguro para os investidores.”, indicou o ministro.
Além disso, Guedes destacou aos jornalistas que o Brasil está fortalecendo cada vez mais a capacidade de atração de investidores de todo o mundo, refletindo o cenário de reformas estruturais e aprimoramento do cenário produtivo executado desde o início de 2019 pelo atual governo.
Conforme a nota, ele reforçou ainda que o país conta com US$200 bilhões de projetos contratados para os próximos anos, considerando compromissos já assinados e assegurando o ritmo de crescimento futuro do país.
“O Brasil está atraindo muitos investimentos de longo prazo”, disse Guedes. O informe ainda trazia a afirmação do ministro sobre a apreciação cambial de 15% do Real neste ano, “comprova que houve dramática e positiva reavaliação internacional sobre o Brasil”.
Paulo também enfatizou a importância de haver progressos no processo de capitalização da Eletrobrás, proporcionando segurança energética para o país nos próximos anos, além de fortalecer a agenda de privatizações e concessões perante os investidores, indicou a nota.
O FMI elevou de 0,3% para 0,8% a estimativa de alta do PIB brasileiro neste ano, mas reduziu de 1,6% para 1,4% a estimativa de crescimento em 2023. Apesar da melhora, o Brasil ainda continua registrando taxas de crescimento menores do que a média global, de 3,6% e da América Latina, de 2,5%.